"Cara, alguém pra subir nessa mesa e gritar a verdade que cada um esconde atrás desse sorriso? Eu não queria ter que fazer isso, mas tô cansada de dar verdade e receber mentira. Alguém ama alguém igualmente aqui? Será que um dia alguém vai se sentir menos injustiçado por amar alguém que não o ama? Não, isso seria impossível. Ninguém ama alguém sem querer ser amado também, não é? Eu penso assim."
Os pensamentos dela ficavam cada vez mais conflitantes enquanto todos falavam e riam como se fosse possível fazer a peça sem abrir as cortinas - sem olhar pra dentro de cada um e revelar todos os medos, os desejos, os pensamentos. Por mais podres que sejam.
- Eu quero mesmo sair correndo daqui - Ela deixou o pensamento escapar em voz alta e todo mundo olhou pra ela. Ela sorriu sem graça e fingiu como se não tivesse falado nada.
"Isso que me deixa puta! Eu tô com vontade de sair correndo daqui sim, mas eu tenho que fingir. Por quê todo mundo tem que fingir? Disfarsar a verdade é pior. Porquê quando ela aparece, machuca. Como se arrastasse todos os momentos bons tornando-os questionáveis ou os apodrecendo de vez, se já estivessem sido questionados - esse seria o fim... É, podia mesmo ser o fim de toda esse fingimento, mas talvez eles nem estejam sentindo. Se acreditam tanto na mentira, as tornam reais, aí deve ser mais fácil pra eles. Mas o tempo traz tudo de volta, o presente e o futuro serão sempre assombrados pelo passado, assim como a verdade sempre tentará, inultilmente, ofuscar a mentira... Eu não vou ficar mais aqui."
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